domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quando Pedro voltou, estava anoitecendo. E foi como se todas as luzes da casa se acendessem ao mesmo tempo.


(…)

Os dias se interrompiam quando ele ia embora. Recomeçavam apenas no mesmo segundo em que tornava a chegar.

Não sei quanto tempo durou. Só comecei a contar os dias a partir daquele dia em que ele não veio mais.

Desde esse dia, perdi meu nome. Perdi o jeito de ser que tivera antes de Pedro, não encontrei outro.

Eu queria que voltasse, não conseguia viver outra vez uma vida assim sem Pedro.

(…)

Parei de ser e de fazer qualquer outra coisa além de esperar que ele voltasse.

Mas Pedro não voltou, eu não voltei.

As luzes da casa nunca mais tornaram a acender com sua chegada.



- Caio F. Abreu

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um dia meio nervoso hoje...
quanta correria ... deu quase tudo certo
depois de quase tudo ter dado errado.

Ainda sobrou tempo pra pensar ... apesar do cançaso.
pensei se só escreveria sobre os nossos assuntos
aqui ...

E sim só escreverei sobre nós aqui.
Nós? rsrsrs
ainda me resta bom humor
depois de tanto sofrimento.

e lá vai mais uma de C.F.A

Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.

A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Saudades danada dentro de mim
saudades de conversas e bate papos ...
de risos sem compromissos
de cumplicidade só com olhares ...
de sorrisos espontaneos ...
de cheiros no  carro ...

...

passando maus bucados esses dias ...
esse processo de autoconhecimento doí demais ...

...

não que a sua felicidade me incomode
é que doí não ser ao meu lado

...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Algum tempo atrás


Sinto que fecha um ciclo e que eu hoje Arco - íris já não faz mais sentido em existir ...Mais já fui necessario enquanto sofria, enquanto chovia ...Eu era sim o sinal de esperança ... mais agora que a chuva se foi ...Já fiz o meu papel ... saiu de cena ... e entra o sol e que ele brilhe com toda a intensidade que lhe é de direito .Agora me ponho no papel de largata ... dentro de um casulo ...Em pura transformação ... transformação necessaria a mim no momento .E quando essa fase passar, serei colorida novamente mais agora na condição de borboleta .Linda multicolorida e livre voarei e voltarei apenas ao jardim que me merecer ...


E a dor se foi ... ficou um vazio aqui ...
Tinha me acostumado com ela ...
como se a sentise  no peito fosse a cereteza de
que você existese ... agora que ela se foi só ficou as
cicatrizes confesso que imaginei varias possibilidades ...
mais nenhuma me pareceu coerente a altura ...
Mais a alguns dias atras decedi ser feliz novamente
e me entregar ou reentregar a vida e senti-la dentro de mim
 de novo.
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

C. F. A.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010



RUBEM ALVES

Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo, um Pássaro Encantado. Ele era encantado por duas razões:
Primeiro porque ele não vivia em gaiolas. Vivia solto. Vinha quando queria. Vinha porque amava.
Segundo, porque sempre que voltava suas penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas imaculadamente brancas, e ele contou estórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez suas penas estavam vermelhas, e ele contou estórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade quando estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia:
"Tenho de partir."
A menina chorava e implorava: "Por favor, não va, fico tão triste. Terei saudades e vou chorar..."
"Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou encantado por causa da saudade que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. E eu deixarei de ser o Pássaro Encantado e você deixará de me amar."
E partia. A menina, sozinha, chorava. E foi numa noite de saudade que ela teve a idéia: "Se o Passaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola."
Assim aconteceu. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda. Quando o pássaro voltou eles se abraçaram, ele contou estórias e adormeceu.
A menina, aproveitando-se do seu sono, engaiolou-o. Quando o pássaro acordou ele deu um grito de dor.
"Ah! Menina...que é isso que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem a saudade o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar.
Mas não foi isso que aconteceu. Caíram suas plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar. Também a menina se entristeceu.
Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava pensando naquilo que havia feito com seu amigo...
Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro", ela disse." Volte quando você quiser..."
"Obrigado, menina", disse o Pássaro." Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: ficarei encantado de novo quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você!